FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Alimentação para pacientes Disfágicos

Pacientes com disfagia orofaríngea podem apresentar diferentes graus de dificuldade no ato de engolir. Este transtorno acomete em sua grande maioria pessoas idosas, tratando-se de um sintoma presente em muitas doenças degenerativas como Parkinson e Alzheimer.
Existem exercícios miofuncionais orais que atuam de forma eficiente sobre as estruturas responsáveis pela deglutição. É a fonoaudiologia atuando para reabilitar o paciente disfágico. Além de exercícios fonoaudiológicos também existem orientações importantíssimas que devem ser adotadas:
Ambiente da alimentação: O local em que você fará suas refeições deve ser tranquilo. Mantenha desligado televisão, rádio ou qualquer outro aparelho que possa distrair. É importante manter a atenção para a alimentação. Porém, isso não impede que outros membros da família façam suas refeições juntamente com você, isso deve acontecer quando possível.
Tempo de refeição: Você não deve ser apressado durante as suas refeições. Porém, se você estiver gastando muito tempo em uma única refeição, você pode estar gastando mais energia para se alimentar do que está ganhando com o alimento. O tempo de uma refeição principal (café da manhã, almoço e jantar) poderá durar no máximo 30 minutos.
Apresentação do alimento: Quando estamos diante de um alimento bonito e cheiroso, sentimos mais vontade de comê-lo. Então, para ajudá-lo a ter mais motivação ao se alimentar, facilitando o controle oral do bolo alimentar, a comida deve ser apresentada de forma prazerosa. Abuse de cores, sabores e cheiros, sem deixar de lado suas preferências (sempre se tem mais prazer em comer o que se gosta) e as consistências alimentares estabelecidas pelos profissionais.
Postura durante a alimentação: É importante que durante as refeições, e cerca de 20 minutos após esta, você permaneça sentado, com o tronco ereto e a cabeça erguida. Se estiver acamado, você deve ser encostado na cabeceira da cama com travesseiros, ficando com o tronco o mais ereto possível. A cabeça deve estar erguida e deverá ser apoiada com suportes se necessário.
     Uma posição correta durante a alimentação dificulta a entrada dos alimentos nos pulmões, deixando a alimentação mais segura. Perceba que uma cabeça erguida é uma cabeça ereta, sem estar inclinada para frente e nem para trás.
     Modificações na postura da cabeça, durante a alimentação, são técnicas especiais que podem facilitar a deglutição e serão orientadas pelo fonoaudiólogo quando necessário.
Higienização oral: A limpeza deverá ser feita com a escovação dentária, com uma escova pequena e com cerdas macias, lembrando-se de escovar os dentes e a língua. Todos os resíduos alimentares ou secreções que estiverem na boca deverão ser retirados.
     Se você utiliza prótese dentária, esta deverá ser retirada e limpa com a escovação após cada refeição, assim como a língua deverá ser escovada. É importante retirar a prótese dentária ao dormir, colocando-a em um copo com água e algumas gotas de água sanitária (ajuda a manter a limpeza e conservação da prótese), recolocando-a pela manhã após limpá-la muito bem com água corrente.
     Em pacientes que não possuem dentição, a limpeza da boca deve ser feita com a escovação da língua e o restante com uma gaze humedecida em água e anti-séptico bucal.
 - Consistência e volume do alimento: Muitas vezes, para facilitar s deglutição e deixá-la mais segura, a consistência do alimento é modificada, conforme a dificuldade de deglutição. É importante utilizar consistências mais finas caso a dificuldade seja grande.
     Além das modificações das consistências, também deverá ser controlado o volume de cada deglutição, ou seja, a quantidade de alimento que se colocará na boca de cada vez, para que se tenha maior segurança ao engolir.
Fonte: Silvério, Cola & Silva (2006)

Valvula de Fala



A válvula de fala é indicada aos pacientes traqueostomizados ou dependentes de ventilador mecânico que tem a capacidade de articular fonemas.
     Para a sua indicação é necessária uma avaliação multiprofissional, pois é de suma importância que o paciente não esteja apresentando riscos de aspiração, devendo consequentemente ter o reflexo da deglutição presente e adequado. O uso da válvula beneficia os pacientes que são portadores de malformações de laringe e de traquéia congênitas ou adquiridas; doenças respiratórias (apnéia do sono, displasias broncopulmonares, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência respiratória aguda); vasculares (acidente vascular cerebral, neoplasias cerebrais, afecções cardíacas); traumáticas (traumatismo cranioencefálico, raquimedulares, ferimento por arma de fogo, contusões pulmonares) ou degenerativas (miastenia gravis, distrofia muscular, esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, síndrome de Guillain-Barré e AIDS).
     É contra indicada para casos de laringectomias totais, paralisia bilateral de pregas vocais, estenoses laríngeas e traqueais graves, para pacientes em estado clínico grave e casos de nível cognitivo rebaixado.

Vantages: aumento da ventilação e oxigenação, filtragem aérea prevenindo infecções, diminuição das secreções, aumento da sensação olfatória, diminuição do esforço vocal, aparecimento ou retomada da fala com som, emissões mais longas e mais fortes, prosódia e qualidade vocais mais normais e ajuda no processo de desmame do ventilador e traqueostomia. Também atua na restauração da pressão positiva fisiológica, melhorando a deglutição, mas sua principal vantagem é o baixo custo e sua praticidade. Resulta em uma melhora considerável na qualidade de vida do paciente, pois o mesmo passa a comunicar-se verbalmente, sendo compreendido pela equipe médica e seus familiares, ajudando a reduzir seu tempo de internação.
É importante destacar que durante o primeiro teste de colocação da válvula de fala o fisioterapeuta esteja atuando em conjunto com o fonoaudiólogo, pois podem ser necessários ajustes no ventilador durante a colocação da mesma.

Benefícios: fala com sonoridade (o ar passa a ser redirecionado para as pregas vocais); melhora da deglutição; auxílio na decanulação; maior controle sobre as secreções; melhora do olfato; melhora da pressão pulmonar; melhora do paladar; fala ininterrúpta e com maior intensidade, sem precisar ocluir com o dedo o traqueostoma.

Bibliografia consultada: Vidigal e Gonçalves. Pacientes traqueostomizados e dependentes de ventilador. In: Furkim e Santini. Disfagias Orifaríngeas. Vol.1. 2008.