FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Avaliação da Deglutição pelo Videodeglutograma




O videodeglutograma é considerado o exame gold standard para a avaliação das disfagias, pois fornece um imagem dinâmica de todas as fases da deglutição, bem como uma avaliação da anatomia e fisiologia orofaríngea. Esse exame também é indicado para verificar a eficácia das estratégias de reabilitação e fornecer um feedback visual pré e pós-terapia, uma vez que ele pode ser gravado e revisto sempre que preciso.

Os alimentos oferecidos aos pacientes são acrescidos de contraste de bário, para permitir a visualização do trajeto do bolo alimentar, nas consistências e volumes previamente estabelecidos durante a avaliação clínica.

O exame é feito com paciente posicionado de perfil, permitindo a visualização de todas as fases da deglutição e a transição entre elas, e na posição ântero-posterior, que mostra a formação e centralização do bolo alimentar, mobilidade de língua e o escoamento do alimento pela parede posterior da faringe.

Durante o exame, o paciente pode apresentar estases alimentares em qualquer parte do trajeto do parelho deglutofonador, penetração laríngea ou aspiração traqueal. Em qualquer uma dessas situações, durante a própria realização do exame, o fonoaudiólogo pode introduzir e testar a eficiência de manobras posturais e de deglutição. Embora esse exame tenha alta sensibilidade para a determinação das dificuldades de deglutição, ele apresenta limitações na sua indicação, podendo ser contra-indicado em pacientes acamados ou com alterações posturais importantes.

Autores: Busch, Fernandes, Simões, Disfagias Neurogênicas, Capítulo 48, Tratado de Fonoaudiologia 2 .ed.

Avaliação Funcional da Deglutição por Nasofibroscopia




Atualmente, os endoscópios flexíveis utilizados para a realização da nasofibroscopia podem auxiliar no diagnóstico das disfagias através do exame funcional da deglutição. Nesse exame, é possível identificar os aspectos estáticos da orofaringe, hipofaringe e laringe, mobilidade faríngea e laríngea e o estudo da dinâmica da deglutição. Por ser um exame bem tolerado pelo paciente, pode ser realizado ambulatorialmente, e não requer precedimentos simples como o uso de alimentos corados e em diferentes consistências.

Inicialmente é feito um estudo do esfíncter velofaríngeo em repouso e durante as atividades de sopro, deglutição e emissão sustentada para verificar sua mobilidade e eficiência no fechamento. A orofaringe e a hipofaringe devem ser avaliadas observando-se a presença de movimentos anômalos ou assimetrias. As valéculas e os recessos piriformes também devem ser verificados com relação à estase de saliva. Na laringe devem ser vistas as características estruturais em repouso e a mobilidade das pregas vocais, coaptação glótica e elevação laríngea.

Antes de ofertar os alimentos para a avaliação funcional da deglutição, deve-se testar a sensibilidade laríngea, tocando a extremidade do nasofibroscópio na epiglote, nas pregas ariepiglóticas e nas aritenóides, observando o tipo de resposta de proteção das vias aéreas inferiores. As consistências alimentares a serem testadas são predeterminadas durante a avaliação clínica.

Após essa avaliação prévia, o alimento corado é introduzido na boca do paciente, que é orientado a mantê-lo na cavidade oral até a solicitação do avaliador para realizar a deglutição. Nesse momento, antes do paciente deglutir, pode-se observar a presença ou ausência de escape prematuro de alimento, evidenciado por sua descida em direção à hipofaringe e à laringe. Ao solicitar-se que o paciente realize a deglutição, ocorre um blackout na visualização pela contração dos músculos da faringe e a laringe.

após a deglutição, deve ser observado se há estases alimentares em valéculas, parede posterior de faringe, recessos piriformes e transição faringoesofágica. Na presença de escape tardio de alimento vindo da cavidade oral e orofaringe, deve-se observar se ocorre penetração laríngea ou aspiração traqueal.

A avaliação funcional da deglutição pela nasofibroscopia pode ser feita no leito, permite um diagnóstico mais precoce dos distúrbios da deglutição e é essencial nos casos em que o paciente não consegue controlar ou deglutir as próprias secreções. Além disso, esse exame complementa a avaliação clínica da deglutição e orienta a necessidade de realização do videodeglutograma.

Autores: Busch, Fernandes, Simões, Disfagias Neurogênicas, Capítulo 48, Tratado de Fonoaudiologia 2 .ed.