FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA UTI NEONATAL





O trabalho em equipe no atendimento do neonato de risco é de extrema importância para o desenvolvimento deste. Considerando-se que este neonato é um indivíduo único, com características próprias e que vai, ao mesmo tempo necessitar de cuidados especiais em diversas áreas; o mais apropriado seria a atuação conjunta com o neonatologista, neuropediatra, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, equipe de enfermagem, psicólogo e assistente social. A maioria dos berçarios ou UTI não dispõe de uma equipe completa e muitas vezes ocorre o desconhecimento da própria equipe com relação a necessidade de outros profissionais atuando com recém-nascidos.
Cabe ressaltar que o fonoaudiólogo assim como toda equipe, além da atuação direta e específica com o bebê, vão atuar também com os pais, e com todos os profissionais que fazem parte deste trabalho.
A atuação do fonoaudiólogo junto aos profissionais desta equipe, inicia-se desde o pré-natal, na orientação de mães e bebês normais, até o trabalho específico com a função motora oral, passagem da alimentação de sonda gástrica por via oral. onde se torna fundamental o contato com o neonatologista para se estabelecer crítérios de trabalho e até alta hospitalar.

                                                                                  Por Fabíola Bueno Piazza/ Curitiba 1999

Em vários centros hospitalares atualmente, o médico encaminha para avaliação fonoaudiológica, bebês com dificuldade de alimentação. O encaminhamento pode também não ser feito, no caso do médico não acreditar na possibilidade de alimentação por via oral. Ou o encaminhamento pode ser tardio, sob o ponto de vista do desenvolvimento motor oral e global e não só da alimentação por via oral.
Muitas vezes o encaminhamento é tardio por não haver um fonoaudiólogo atuando na rotina do hospital, onde nesse caso ele já estaria triando os bebês quanto à necessidade de um trabalho específico desde o momento em que existe a necessidade e que o quadro clínico do bebê permite.
Dentro de uma abordagem mais global, a alimentação é consequência e não o objetivo do trabalho em si. Ao bebê ou à criança é dada a possibilidade do uso apropriado da boca, exploração dos sistemas respiratórios e fonatórios, posicionamento mais compatíveis com suas necessidades e maior contato com os pais tentando proporcionar situações de interação mais efetivas.
O ideal seria que fosse o encaminhamento o mais rápido possível, nos seguintes casos:
  • incoordenação de sucção e deglutição;
  • utilização de sonda gástrica;
  • sucção fraca;
  • falhas respiratórias e /ou durante a alimentação;
  • reflexo de vômito exagerado e episódios de tosse durante alimentação;
  • prematuridade;
  • início de dificuldade de alimentação;
  • irritabilidade severa ou problemas comportamentais durante a alimentação;
  • subnutrição;
  • história de pneumonias;
  • quando existir preocupação com aspiração;
  • letargia durante a alimentação;
  • período de alimentação mais longo que 30 - 40 min;
  • recusa inexplicável de alimento;
  • vômitos, refluxo nasal, refluxo gastroesofágico;
  • baba e /ou aumento desta.

Autor: Cláudia Xavier, Trabalho fonoaudiológico em unidade neonatal, Capítulo 47, Tratado de Fonoaudiologia 2.ed.

ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA UTI

                                           
O fonoaudiólogo no âmbito hospitalar integra a equipe de saúde atuando em forma multi ou interdisciplinar. Esta atuação é caracterizada com objetivos de prevenção, diagnóstico funcional e reabilitação propriamente dita. Objetiva assim, a redução e prevenção de complicações como a pneumonia aspirativa, e o restabelecimento da alimentação via oral e da comunicação.
A atuação do fonoaudiólogo em UTI tem como principais objetivos: a avaliação, orientação e reabilitação. A avaliação tem início com uma anamnese completa, avaliação propriamente dita direcionada para as alterações fonoaudiológicas, ou seja, linguagem, deglutição, voz e /ou fala.
A disfagia é uma das alterações fonoaudiológicas que mais solicitará a presença de um fonoaudiólogo na UTI em caráter emergencial, devido às series de complicações que podem gerar no estado de saúde do paciente.
A avaliação clínica da deglutição do paciente é realizada sempre monitorando o mesmo, quando o quadro clínico deste, encontra-se estável. Após a avaliação, discuti-se com a equipe os reais riscos e /ou benefícios que o inicio da deglutição via oral pode trazer.
Quais os pacientes deverão ser avaliados pelo fonoadiólogo na UTI ?
·         Seqüelados de A.V.E (Acidente Vascular Encefálico);
·         T.C.E (Traumatismo Cranio-Encefálico);
·         Quadros demênciais;
·         Parkinson / Alzheimer;
·         Doenças neuromusculares;
·         Traqueostomizados;
·         Recém-extubados;
·         Pacientes com o uso de sonda nasoenteral.
Quanto à orientação na UTI poderá ser pré e/ou pós-operatório nos casos em que há seqüela fonoaudiológica. Pode ser feita ao paciente, a equipe e/ou familiares quanto à estimulação, melhor consistência do alimento e a quantidade da via oral assistida.
Os exercícios fonoterápicos para o treinamento da alimentação via oral visam às adequações das funções orais para retirada da sonda de alimentação com segurança e controle do risco de broncoaspiração, favorecendo e acelerando o processo de alta da UTI.
A atuação da fonoaudiologia na UTI é um trabalho tanto no sentido de manutenção da vida, porque previne as complicações, quanto de qualidade de vida. Permite que o paciente volte a se alimentar pela boca, mantendo um suporte nutricional adequado.
Por Cleyton Amorim, Fabiana Miranda, José Henrique, Juarez Belmiro, Karla Isabelle, Lorena do Carmo, Raphaella Teixeira

ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO AMBIENTE HOSPITALAR



A fonoaudiologia hospitalar e em Home Care tem sido alvo de discussão. Surgem dúvidas da diferença entre a atuação clínica e a atuação hospitalar, bem como a metodologia de trabalho a ser aplicada, juntamente com o preparo especial para tal atendimento.


Ao se referir à fonoaudiologia hospitalar é de esclarecer que não se trata apenas de atendimento no ambiente hospitalar, mas inclusive o atendimento Home Care (tal termo é originado da língua inglesa que significa ‘cuidados em casa’) e que na prática refere-se ao atendimento domiciliar.


A Fonoaudiologia tem se consolidado e criado uma identidade própria, por se tratar de uma ciência. Mas ainda enfrenta a aceitação, em especial no ambiente hospitalar e em casa. Na verdade, o fonoaudiólogo tem seu espaço nestes ambientes, porém, é pouco reconhecido e valorizado profissionalmente.
Apesar do conhecimento de que a presença e a atuação deste profissional podem reduzir as perdas e danos que a hospitalização do paciente acarreta, as instituições não oferecem oportunidades para o profissional desempenhar seu papel contribuindo para a melhora do paciente.


A fonoaudiologia tem sido considerada como uma profissão efetiva que se integra às diversas áreas que visam à promoção da saúde do indivíduo como um todo. Partindo deste pressuposto, é fundamental esclarecer a importância desse profissional e a diferenciação do atendimento em relação ao ambiente. Por exemplo, ao se tratar do ambiente hospitalar e Home Care em comparação ao clínico a diferença não se dá pelos ambientes, mas sim, pelos procedimentos que são aplicados no momento da reabilitação, no manuseio dos equipamentos e o tipo de linguagem que é utilizada.


Profissionais que atuam no ambiente hospitalar e em home care são praticamente obrigados a aprender a manipular sondas, cânulas, traqueostomias, equipamentos (respiradores, oxímetros, encubadoras, aspiradores), sendo alguns detalhes diferenciais, frente ao fonoaudiólogo clínico.


Aos profissionais que atuam ou têm interesse em trabalhar nesta área, especificamente em atendimento hospitalar e em home care, é recomendável empenharem-se no sentido de divulgar e conscientizar os profissionais da saúde e a sociedade como um todo. Mostrar os benefícios que o profissional pode oferecer tanto à instituição quanto ao paciente, transmitindo para os colegas da profissão a importância da busca do crescimento de forma mútua, tornando a fonoaudiologia uma profissão diferenciada no sentido de propiciar uma evolução significativa no paciente.

Por Elen Cristine M.Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia
Equipe Brasil Escola